...ou de nada; ou só de algumas coisas, dependendo do dia ( e sobretudo da noite )

terça-feira, junho 27, 2006

décalage.


today i woke up with 24
and i felt like 51.


[ Ours was an ocean to swim around in
Ours was an ocean i should have drowned in

My doctor reports that we must be strong

But i'm praying that it won't be long ]



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state of mind: ballad of broken seas_isobel campbell & mark lanegan

quarta-feira, junho 21, 2006

torrente sísmica de espasmos cardíacos.


vou pondo músicas de lado à medida que as pessoas a que elas me conduzem vão ficando pelo caminho.
como se as melodias que serviram de embalo e banda sonora aos enredos pessoais fossem cenários descartáveis.

caixas de pandora perecíveis.
e deixassem de ter tempo e espaço e hora para existirem.
talvez por medo dos refluxos nevrálgicos interiores.
do frio azul da lâmina que rasga a partir de dentro.
do sufoco da ausência.

ou apenas para não as desgastar.
para as guardar intactas. impolutas.
as memórias dos que existem mas já não são.


— Alors tu n'y gagnes rien
— J'y gagne, dit le renard, à cause de la couleur du blé.
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state of mind: envoûtement_balla

terça-feira, junho 06, 2006

this is our beauty. the edge of a cliff.


deixo este país de cinzas.
de folhas secas e sonhos doentes.
de fins de tarde em sobressalto e manhãs que nunca chegam.
vi cidades fervilharem de fúria. amordaçadas de medo.
vi povos inteiros em fuga de si mesmo. em cavalos sebastiónicos de(s)ilusão.
movendo-se em massas compactas e inertes, porque a multidão faz a força e a força impele o sonho.
cegos de desejo numa marcha fúnebre inusitada.
sôfregos de mudança.
escolhendo o precipício.
porque nasceram sem asas mas quiseram voar.

sinos batem a repique. é hora de partir.

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state of mind: finally we are no one_múm

quinta-feira, junho 01, 2006

perceptual anesthesia.


a quantidade de corpos que me povoaram a cama nos últimos anos tornaram-na num deserto de miragens. numa alucinação em forma de oásis. numa casa em demolição.
é tarde agora.
desce a noite silenciosa.
iluminada pela beleza cinzenta do desconforto.
juntei todas as linhas. todas as curvas.
todas as armadilhas do mapa único que é cada corpo.

o sulco caprichoso da clavícula.
o ângulo torneado do ombro.
a protuberância pecaminosa da anca.
e a gentileza sinuosa do tornozelo.

desenhei um catálogo mental dos caminhos do amor. ou da falta dele.
como se aí residisse a salvação.
ácido engano pensar que o amor se aprende em manuais.
que se lhe força a existência com um rasgo de criação.
como se tivesse de decifrar todos os caminhos maus para encontrar, por fim, a resposta.
sem hesitação ou arrependimento.
sem a morte habitando os sentidos dispersos.

é tarde agora. a noite cai.
tarde para não adormecer só, numa cama de fantasmas.


(lies and love. lies, love.)

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state of mind: way out_yeah yeah yeahs