...ou de nada; ou só de algumas coisas, dependendo do dia ( e sobretudo da noite )

quinta-feira, junho 01, 2006

perceptual anesthesia.


a quantidade de corpos que me povoaram a cama nos últimos anos tornaram-na num deserto de miragens. numa alucinação em forma de oásis. numa casa em demolição.
é tarde agora.
desce a noite silenciosa.
iluminada pela beleza cinzenta do desconforto.
juntei todas as linhas. todas as curvas.
todas as armadilhas do mapa único que é cada corpo.

o sulco caprichoso da clavícula.
o ângulo torneado do ombro.
a protuberância pecaminosa da anca.
e a gentileza sinuosa do tornozelo.

desenhei um catálogo mental dos caminhos do amor. ou da falta dele.
como se aí residisse a salvação.
ácido engano pensar que o amor se aprende em manuais.
que se lhe força a existência com um rasgo de criação.
como se tivesse de decifrar todos os caminhos maus para encontrar, por fim, a resposta.
sem hesitação ou arrependimento.
sem a morte habitando os sentidos dispersos.

é tarde agora. a noite cai.
tarde para não adormecer só, numa cama de fantasmas.


(lies and love. lies, love.)

.
state of mind: way out_yeah yeah yeahs