...ou de nada; ou só de algumas coisas, dependendo do dia ( e sobretudo da noite )

terça-feira, agosto 22, 2006

[there is no] there is no summer romance.


for years i kept to myself
now potentialities are bound and sleeping under my
shelf

simply choose your destination from the diamond
canopy

and we'll be there

so I call you on the tin can phone

we rendezvous at a quarter-two and make sure we're
alone
i may have found the way for you and i
to finally be free


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state of mind: antigravity love song_incubus

quarta-feira, agosto 16, 2006

the road again.


corre a calma agora pelos contornos de um despertar lento.
um deserto de destroços.
o ciclo está de novo completo. desfaz-se o emaranhado de rolo fotográfico projectado em ampliações endócrinas. fixado em paredes abandonadas.
ao fundo da sala a banda continua a tocar a valsa lenta.
acordes antigos duma melodia familiar.
ainda o cheiro no ar a café acabado de fazer na manhã virada a sul. com o gato ciumento enroscando-se nos pés reclamando atenção.
num tempo absorto de pain au chocolat, filmes europeus e projectos mirabolantes.
tal como nos filmes o tempo era cronometrado entre partidas e chegadas.
reencontros e caminhos paralelos.
vivendo no limbo propositadamente.
oscilações de um jogo sem rede. aceitando a queda como inevitável.
tal como nos filmes estive fou d’amour por uma francesa que construía mundos dentro de mundos.
envôutement irresistivelmente dilacerante.
sentidos convergentes em fusos horários telepáticos.
pintados a cores inenarráveis. extasiantes.
para lutar a ausência preenchi por completo os dias do último ano.
de coisas importantes. de tarefas menores e missões meramente idiotas.
mantive-me de tal forma ocupado para não sucumbir que a apaguei sem dar por isso.
porque o que permite manter mundos que não existem é a percepção fria do mundo real e habitava num feito à medida do sonho.
ficaram dobradas em cima da cama palavras resistentes ao tempo, ao lado de sorrisos lomográficos e areia das noites de verão.

"esperaste que adormecesse, polvilhaste a almofada do teu perfume e beijaste-me com os olhos. ao acordar sem ti, apenas um bilhete dizia tudo o que havia para ser dito sem necessidade de explicações – j’aurais voulu être avec toi longtemps. j’espere que le destin nous fera encore des surprises…merci."


bonjour. je suis venu te dire que je m’en vais.

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state of mind: farewell dear ghost_monta

terça-feira, agosto 01, 2006

i'm stitching wounds that won't heal. stitching myself back together.


foram semanas inteiras passadas numa cama desfeita.
os dias a sucederem-se maquinalmente pelos buracos dos estores.
entre sonos profundos e despertares sobressaltados.
entre esgares em forma de risos e lágrimas em forma de nada.
sem conteúdo.
agarrado aos lençóis retesados como se fossem grilhões que não permitissem sair dali para fora. escapar daquelas paredes que protegiam dum mundo alterado.
vagas de suores frios e espasmos musculares tornavam o corpo num cadáver simulado.

desintoxicação opiácea kafkiana. metamorfose regressiva.

esponja molhada escorrendo da testa para o soalho.
o médico entrava no quarto e abanava irremediavelmente a cabeça prevendo um desfecho trágico.
malade d’amour – dizia.
fixava o tecto branco durante horas e durante horas projectava imagens antigas.

vertigem decalcada a alucinações reais.
masoquismo espácio-temporal.
sonhos recorrentes inacabados
aos quais se agarrava como um sinal.
como um remédio miraculoso
que viesse e o arrancasse daquela morte antecipada.
ou terminasse com tudo de vez.


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state of mind: celos_gotan project