...ou de nada; ou só de algumas coisas, dependendo do dia ( e sobretudo da noite )

quinta-feira, julho 20, 2006

this space around us.

(blue skies bring tears)

dot. paragraph.
i don't want to read you anymore.


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state of mind: and it rained all night_thom yorke

this space between us.


há noites que não passam em branco.
em que dou por mim a reinventar coisas que nunca foram.
um dedo apreensivo percorre as prateleiras.

repletas de universos paralelos.
vidas de papel.
ficções que colo à realidade.
histórias com finais felizes e pontos finais redundantes.
o pó nas lombadas é fita métrica.
sistema de cálculo da distância a memórias encerradas.
leio os livros que me deste.
numa lentidão cíclica propositada.
avanço letra a letra. analiso cada vírgula.
os significados ocultos nas entrelinhas.
elaboro teorias onde me possa encaixar.
em cada dobra. de cada canto.
de cada página. amarelecida.
como se os autorespoetas dedicassem apenas a mim a pena e a tinta.
com o objectivo único de satisfazer a minha pretensão idiota a uma história perfeita.
e pouco a pouco começo a acreditar que os ofereceste com essa intenção.
para que esmiuçasse. para que recortasse.
para me esvair em tempo a
desvendar-te inutilmente.
que sentes cada uma das linhas desenhadas.
como se os tivesses lido a pensar em mim e te quisesses assegurar de que o sabia.
e se me convenço de coisas que não existem, como deixo de acreditar em algo que não é real?


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state of mind: no matter_masha qrella

terça-feira, julho 18, 2006

alors, mademoiselle, le destin nous a de nouveau unis comme s'il se moquait de nous.


et la vie reprend son cours
noyé dans un bonheur cruel.



[On me dit que le destin se moque bien de nous

Qu'il ne nous donne rien et qu'il nous promet tout
Parait qu'le bonheur est à portée de main,
Alors on tend la main et on se retrouve fou]


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state of mind: quelqu'un m'a dit_carla bruni

sábado, julho 08, 2006

syncope sentimental.


quero rasurar-te do peito
como um bilhete de lotaria

sem prémio.


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state of mind: avec le temps_jane birkin

quinta-feira, julho 06, 2006

maybe i'm just curious. (ii)


voltei a sonhar contigo esta noite.
desta vez numa casa inundada.

num chão de madeira antiga. húmida até aos ossos.

uma vez mais a terceira pessoa irradiando uma censura anónima.

cruzámo-nos no corredor da casa estranhamente familiar.

pejada de fotos antigas em tons de memórias distantes.
não houve palavras.
apenas comunicação num silêncio tácito e cúmplice.
e um roçar de mãos tão acidental como saboroso.
não percebo porquê mas permanecemos em divisões separadas. contíguas.
ligados por um véu gelatinoso por onde nos observavamos mutuamente sem que o outro se apercebesse.
esperámos tempo que pareceu dias e meses e anos e vidas inteiras de um engano absurdo.
esperámos a perda da inocência a perda do sonho a perda da esperança e da razão.
engolindo o nó na garganta como de remédio se tratasse.
como se curasse todas as dores da alma.
quantas vezes reprimiste o grito, mordeste a mão, torceste o músculo até à exaustão para não ter de explodir?
quantas horas de paragem cardíaca propositada?
de sorvos sôfregos de um ar insuficiente?
como da última vez olhos nos olhos. desprovidos de protecções porque não as há e mesmo havendo não as usaríamos como arma.
numa nudez inocente causticamente branca.
a pergunta a escorrer das paredes vazias.
projectada em traços luminosos. rodopiante.

(a dor é real ou sofres por prazer?)

de um salto estavas à minha frente.
forçando a passagem e fugindo de mim.

...
eu também não despenteio a tua mente.

eu também não baralho significados.

e é-me igualmente difícil.



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state of mind: ...but nothing is lost_shpongle