in each other's arms...do you remember?
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estás tatuada em mim.
não como uma linha de tinta indelineável ou como uma cicatriz antiga que se tenta ocultar.antes como um traço de personalidade. na forma única de ver e sentir as coisas.
na intensidade que tudo isso acarreta.
nas cores com que pintas os dias.
percorres em mim o mesmo trajecto que o sangue.
desde o coração, aos olhos, ao cérebro, à ponta dos dedos.
ao arrepio da pele de galinha ao sair do banho de cabelo molhado.
estás tatuada em mim e isso irrita-me.
irrita não conseguir livrar-me de ti. de estarmos constantemente ligados por este elo cúmplice e invisível. gostava de apagar-te da minha cabeça.
não, apagar não. isso é demasiado.
gostava de controlar o meu batimento cardíaco. de ter poder sobre os refluxos inesperados de emoção-concentrada , que sobe subitamente à garganta e insiste em transbordar pelos olhos.
atravesso a cidade nu. vinguei-me de ti esta noite. viste como sou capaz?
de não pensar em ti? de me dar a outros corpos?
de não me guardar para um futuro incerto?
paro em frente à parede-écran envidraçada do café bigbrother, enquanto aguardo que o sinal da passadeira mude para verde. os olhos anónimos acusadores olham-me de cima.
Dostoievski tinha razão.
corro para casa e tranco a porta atrás de mim. duas voltas à chave.
esfrego-me violentamente debaixo da água escaldante do chuveiro.
como se pudesse livrar-me de ti com sabonete e pedra-pomes.
esfrego.mas isto não é um filme.
-
(aujourd'hui j'ai besoin de rédemption.)
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state of mind: cargo culte_gainsbourg
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