...ou de nada; ou só de algumas coisas, dependendo do dia ( e sobretudo da noite )

quarta-feira, novembro 29, 2006

as horas.


eram 3 da manhã.
mas podiam ser 5 ou 7 ou qualquer outra hora de decisões indefinidas.
eram horas de chuva oblíqua.
de bátegas violentas e insónia desdobrada em congeminações irresolúveis.
um murmúrio imperceptível descia das paredes e tornava-se num colete de forças.
manta de retalhos de pressupostos vagos.
certezas sem fundamento.
exactamente 247 minutos bloqueavam o primeiro comboio da manhã.
o bilhete tirada na véspera repousava intacto.
a hesitação era um gosto ácido percorrendo a garganta.
folhas de papel em rascunho amarrotavam-se no chão.
amontoavam-se.bloqueavam a saída.
eram horas de café frio.
de suor encharcado de almofadas e marcas de tapete nos cigarros.
todo o conteúdo do frasco foi vertido sobre o peito nu.
preparou o fósforo com a formalidade duma cerimónia fúnebre.
desligou o interruptor e enquanto se afastava de um passado em chamas um alívio desconhecido correu-lhe nas veias.
"nada mais resta de ti. agora posso partir."

.
state of mind: non-dit_olivia ruiz

1 Comments:

Blogger b said...

este post disse-me muito. Identifico-me muito com ele. Ou com a interpretação que dele faço. Simplesmente, lindo:) *

12:59 da manhã

 

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